Author: Antônio Reis

Nascido em Juruaia, a famosa Capital da Lingerie em Minas Gerais, descobri minha paixão pela escrita em 2011 e desde então escrevo como um passatempo gratificante. Como criador do site Verdadeiramente.com.br, busco compartilhar minhas reflexões e perspectivas únicas sobre a vida. Meu objetivo é inspirar e desafiar as pessoas a pensar de maneira diferente, enquanto compartilho minha jornada pessoal de autoconhecimento.

Cântico da noite

O trem riscou a noite,abriu a terra em sulcos de ouro,sacudiu o tempo adormecidoe semeou luz sobre a pele do mundo. O orvalho brotou como flor,despertando no ventre da estradaa febre doce de existir.E tudo vibrou:o céu em fogo, a brisa em dança,o dia espreguiçando coressobre o corpo da madrugada....

Explode, coração

Chega desse amor morando em segredo,essa chama abafada na palma das mãos.Chega dessa febre contida,dessa vontade caladaque me arde por dentro,sem nunca se dizer inteira. Eu não quero mais disfarçar o que me atravessa.Eu quero é gritar o seu nome,rasgar a pele,deixar que esse amor me devoreaté o último pedaço....

O peito que não sabia ser mar

Trago nas mãos um incêndio,uma febre mansaque aprendeu a esperar o degelo.O seu silêncio é feito de vidrocortante e transparente,mas eu vejo por trás da lâmina friaum rio contido, um mar exiladoque pulsa sem saber se ainda sabe ser mar. Há tanto oceano adormecido nas suas veias…Tanto azul calado nas...

Faça-se mar

Quero tocar o gelo do seu peitocom as pontas dos meus dedos febris,derreter as manhãs trancadasque dormem na caverna dos seus silêncios. Há um inverno morando em você,um frio que morde a ternura,mas eu venho com o fogo lento dos que amam,sem pressa e sem medo,pronto para acender as marés...

No fim, só fica o nome

Você chegou como chegam as marés, sem pedir licença, como se a areia já fosse sua, como se o meu corpo já fosse sua casa. E eu, que sempre fui feito de muros e fechaduras, de distâncias medidas com precisão, de promessas guardadas a sete chaves, deixei você entrar. Abri...

Quando a porta fechar

Não sei desapegar de nós.Não sei fingir que não existimos,que não fomos, que não ardemos.Se souber, me ensine.Me ensine a desatar este nóque prende minha alma à tua.Como ser emigrante de mima despeito deste estrangeiro que ainda me habita. Posso até me acostumar com a dor,posso carregar este peso disfarçado...

Escuta

Escuta.Mas escuta sem pressa. Eu não quero que saibas. Não quero que vejas o que me rasga por dentro. Mas a dor tem seu próprio jeito de gritar, de riscar os olhos, de marcar os pulsos, de se fazer escândalo mesmo quando sussurrada. Eu me calo, mas meu silêncio te...

Amor que é casa

O amor não chega com pressa, não arromba portas, não grita ao vento. Ele pousa. Como semente que conhece o terreno, como árvore que enraíza sem pedir licença. É o cheiro do café que abraça a manhã, o riso que preenche os cômodos vazios da casa, o toque que nada...

Costura-me antes que o vento leve

Eu sei que me vês, mas não me enxergas.Teus olhos passam por mim como quem folheia um livro sem ler.E eu, que sou todo entrelinhas,me rasgo na espera de que tu me decifres. Não quero ser um enigma.Quero ser a palavra certa,o nome que tua boca chama sem medo,o porto...

Volta, mas traz o amor inteiro

Volta, meu amor.Volta com o peso dos teus dias nas costas,com as marcas que o tempo te deue os silêncios que preferiste guardar.Volta com os pés descalços,com a poeira das tuas andanças,mas volta inteiro.Inteiro no querer, inteiro no sentir.Volta como quem atravessa um campo ao entardecer,sabendo que a luz não...