Quando a porta fechar

Não sei desapegar de nós.
Não sei fingir que não existimos,
que não fomos, que não ardemos.
Se souber, me ensine.
Me ensine a desatar este nó
que prende minha alma à tua.
Como ser emigrante de mim
a despeito deste estrangeiro que ainda me habita.

Posso até me acostumar com a dor,
posso carregar este peso disfarçado de leveza,
posso sorrir em outras bocas,
tatear outros corpos,
criar ilusões de reencontro onde só há desencontro.

Mas tudo que a gente passou não some.
Não evapora.
Não se desmancha no ar.
Permanece.
Grita na calada da noite,
esconde-se nas dobras do tempo,
me espia do outro lado do espelho.

E o vazio… o vazio tem dono.
Tem tua forma, teu cheiro, teu nome cravado.
O vazio não é ausência.
O vazio é memória.

E o que faço com isso agora?
Com a casa que construímos sem paredes,
com as promessas que ficaram no meio da frase,
com os sonhos que, de tão grandes,
não cabem mais em nós?

Diga,
o que fazemos com um amor
que chegou cedo demais para ser eterno,
tarde demais para ser esquecido?

Se for, leve tudo.
Não me deixe migalhas, não me deixe metades.
Ou fica, ou vai sem olhar para trás.

Porque, se olhar de novo para mim, assim,
com esse olhar de quem me conhece mais do que eu mesmo,
essa porta que era para se fechar,
vai ficar para sempre entreaberta.

— Antônio Reis

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Nascido em Juruaia, a famosa Capital da Lingerie em Minas Gerais, descobri minha paixão pela escrita em 2011 e desde então escrevo como um passatempo gratificante. Como criador do site Verdadeiramente.com.br, busco compartilhar minhas reflexões e perspectivas únicas sobre a vida. Meu objetivo é inspirar e desafiar as pessoas a pensar de maneira diferente, enquanto compartilho minha jornada pessoal de autoconhecimento.

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