O peso do adeus

Eu quero que você me ouça… Não com os ouvidos, mas com aquilo que pulsa dentro do peito. Quero que você escute a verdade que agora carrego nas mãos, pesada como um fardo, mas límpida como um riacho. É preciso coragem para dizer o que está preso aqui, porque sei que essas palavras têm o peso do adeus e a amargura do fim.

Eu já não te quero. Não me olhe assim, como quem busca razões no fundo dos meus olhos. Não me peça explicações que nem eu mesmo sei dar. É como a chuva que cessa de repente, deixando a terra seca, sedenta por algo que não vem mais. É como a chama que apaga, mesmo que a vela ainda esteja inteira. O que nos restava, eu não sei onde se perdeu. Só sei que agora… não está mais aqui.

Não há outro alguém, não há rancor, nem dor escondida. É só um vazio, um desinteresse que chegou devagar, como uma neblina que toma tudo sem que a gente perceba. Não foi você, nem fui eu, talvez tenha sido o tempo que leva os sentimentos e nos deixa apenas perguntas.

Mas escute… eu te desejo o mundo! Que você ame de novo, e ame com toda a força que eu já não posso oferecer. Que encontre alguém que te olhe como um pôr do sol, alguém que faça seu coração disparar e suas mãos suarem de nervosismo. Que você dance outra vez, que cante em noites de chuva e sorria até a face doer.

E me perdoe. Perdoe-me pela coragem de dizer o que você talvez não queira ouvir, mas que merece saber. Eu pensei mil vezes antes de trazer essas palavras à luz, mas não seria justo… não seria justo fingir algo que não sinto mais.

Eu nunca quis te ferir, nunca quis ser o motivo do teu pranto. Mas entenda… é a verdade que escolhi carregar, e é com ela que vou partir. Não levo nada além do que trouxe, e deixo tudo o que não posso mais dar.

— Antônio Reis