O amor é sempre longe

Há coisas que o tempo não toca.
Palavras que a boca esqueceu de dizer,
mas que o coração ainda sussurra
quando o silêncio vem sentar ao lado da noite.

O amor é uma dessas coisas.
Não o amor que se mostra,
mas o amor que se esconde.
O amor que arde baixinho,
como brasas sob o cobertor de uma despedida.

Te amar foi como colher estrelas
com as mãos nuas.
Eu sabia que queimava,
eu sabia que não podia ter.
Mas ainda assim,
eu estendia os braços,
eu rasgava o céu,
eu sangrava esperança.

E o que ganhei?
As mãos vazias.
As mãos cheias de luz que não se prende.
E de marcas invisíveis,
porque o amor, quando se vai,
deixa feridas que ninguém vê,
mas que doem —
doem como o silêncio que ficou entre nós.

Você não me ouviu.
Ou ouviu e não quis ficar.
E então eu aprendi que há coisas
que não são feitas para durar.

Aprendi que o amor também é longe.
É sempre longe.
Mesmo quando perto,
mesmo quando os corpos se tocam,
quando as vozes se misturam,
quando os olhos se olham.

O amor é longe.
Ele mora do outro lado da gente,
onde os pés não alcançam
e as palavras nunca chegam inteiras.

Ainda hoje,
te carrego em mim.
Te carrego nos lugares onde não dói mais,
mas também não cicatrizou.
Te carrego como quem carrega uma promessa antiga,
daquelas que fazemos às estrelas
quando a noite está mais escura que o peito.

Eu penso em você —
não porque ainda espero,
mas porque lembrar é como tocar o mar
sem nunca entrar.
A água vem,
lava os pés,
e depois se vai,
levando com ela qualquer resto de areia
que eu chamei de lar.

Você foi.
Você partiu.
E levou contigo uma parte de mim
que eu nunca vou recuperar.

Mas a vida,
essa moça teimosa e irônica,
me fez ficar.
E agora, entre os escombros do que fomos,
eu escrevo.
Escrevo para dar forma ao que não tem nome.
Escrevo porque é tudo o que me resta.

Ah, se você soubesse…
Se soubesse o quanto de amor ficou guardado,
nas coisas pequenas que o mundo não vê:
Na flor que secou entre as páginas,
no bilhete amassado,
na música que ainda toca,
nas noites em que fecho os olhos
e sinto teu cheiro vindo do nada.

Mas está tudo bem.
O amor, mesmo partido,
ainda é amor.
E talvez seja assim mesmo:
a gente ama,
a gente perde,
a gente recomeça.

E um dia,
quando tudo for memória
e o tempo for um sopro no rosto,
vou olhar para trás
e te agradecer.

Porque amar você
foi meu jeito mais bonito de existir.
E perder você
foi meu jeito mais humano de aprender a continuar.

Que o vento te leve para onde você sonhou estar.
Que o amor, esse amor que nunca coube em nós,
encontre repouso em algum lugar do mundo.
E que você saiba:

Há corações que não esquecem.
Há histórias que não se apagam.
E há versos, como este,
que não são sobre você,
mas ainda assim são teus.

— Antônio Reis

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Nascido em Juruaia, a famosa Capital da Lingerie em Minas Gerais, descobri minha paixão pela escrita em 2011 e desde então escrevo como um passatempo gratificante. Como criador do site Verdadeiramente.com.br, busco compartilhar minhas reflexões e perspectivas únicas sobre a vida. Meu objetivo é inspirar e desafiar as pessoas a pensar de maneira diferente, enquanto compartilho minha jornada pessoal de autoconhecimento.

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