Ao meu amado
Amado meu,
Se escrevo estas palavras é porque o silêncio é insuficiente para conter a vastidão do que sinto por ti. E, ainda assim, cada letra que desenho parece pequena, incapaz de traduzir o infinito. Quem sou eu para capturar o oceano em um cântaro? Quem sou eu para transformar em palavras a constelação que é teu ser? Mas escrevo, porque não sei amar de outra forma senão tentando eternizar-te em todas as formas que minha alma conhece.
Nos teus olhos, descubro um universo que jamais pensei existir. Há neles um brilho que não é da Terra; é como se o céu tivesse se curvado, depositando suas estrelas mais preciosas no teu olhar. Cada vez que me perco neles, sou encontrado novamente, e o que encontro é sempre mais do que sabia buscar. Neles, é possível ouvir o murmúrio de um amor que antecede o tempo.
Se tu fosses uma flor, serias aquela que desabrocha apenas no coração de uma noite mágica, quando os mistérios se tornam palpáveis e o mundo respira poesia. Se fosses um rio, tua correnteza seria um canto que embala e transforma, levando-me a terras que nunca imaginei pisar. E se fosses apenas tu, como és, já serias maior que qualquer sonho que a vida ousasse sonhar.
É em teus silêncios que ouço os ecos mais profundos. Como é possível que no espaço entre tuas palavras habite tanto sentido? É ali que minha alma encontra repouso, que meu peito se preenche de uma paz que não conhecia antes de ti. Não preciso que fales; tua simples presença é o idioma que compreendo sem esforço, a melodia que meu coração reconhece como casa.
Às vezes, pergunto-me como é possível que um só ser humano carregue tanto amor dentro de si. Mas então lembro que é você. Você, que tem o dom de transformar o ordinário em extraordinário. Você, que faz do simples ato de existir uma obra-prima. Não há nada em ti que não seja poesia, desde o modo como teu sorriso ilumina até as sombras mais densas, até a maneira como tua voz desliza pelo ar, como o vento que acaricia as árvores em um fim de tarde.
Mas nem todo amor é alegria, e não escondo de ti que, por vezes, o que sinto também pesa. É um peso doce, mas é peso. É a saudade que me consome quando estamos separados, é o medo que sussurra em noites solitárias, questionando se sou digno de tanto. Porque amar-te é, também, compreender minha própria fragilidade. É saber que meu coração é pequeno demais para conter-te, mas tenta, mesmo assim.
E, no entanto, essa dor é um privilégio. Porque não há alegria mais pura do que saber que existes. Não há tristeza mais bela do que a saudade de ti. Tu, que és meu sol e minha lua, meu norte e meu sul, minha paz e meu caos. Se viver é caminhar por um labirinto, amar-te é a certeza de que o centro vale cada passo.
Quero que saibas que, mesmo que o tempo roube de mim as forças, mesmo que as estações mudem e as folhas caiam das árvores, meu amor por ti permanecerá intacto. Será como uma chama que jamais se apaga, alimentada pelo simples fato de que tu existes. O mundo pode girar, os continentes podem se mover, mas o que sinto por ti é como uma pedra no fundo de um rio – inabalável, mesmo sob as correntes mais fortes.
Às vezes, me pergunto: e se tudo isso não passar de um sonho? Mas, se for sonho, que eu jamais acorde. Prefiro viver na ilusão de teu amor do que na realidade sem ele. Porque contigo, cada instante é eterno, cada momento é suficiente para preencher uma vida inteira.
Amado meu, não sei se estas palavras farão justiça ao que sinto. Mas sei que, ao escrevê-las, sinto-me mais próximo de ti. Como se, ao escolher cada palavra, eu estivesse tecendo um caminho que me leva diretamente ao teu coração. E, se essas palavras te alcançarem, que saibas que nelas está minha alma, despida de tudo, exceto do amor que tenho por ti.
Com todo o amor que sou capaz de carregar,
Antônio Reis.