Solidão, faça-me um favor
Solidão, a única que vem quando todos se vão. A única com que posso chorar. Que não me censura. Deixe que me desafogue. Solidão, sei que por um tempo me afastei de ti e rompi a promessa para não ser infeliz; e agora estou aqui chorando por tê-lo amado tanto.
Vê e busca-o onde ele se encontra e tira-o do meio da gente. Leve-o pela mão e fechem-se em seu quarto. E suba-o, baixe-o, ame-o. E se ele quiser, despedace-o. E faça com que ele sinta isso que me tem aqui sem ar.
Solidão, faça-me um favor, te peço; faça com que ele sinta o que eu sinto. Solidão, faça-me um favor, te imploro; que ele saiba que eu o adoro. Vestida de noite ou de dia, me diga ao ouvido que ele não voltará. Não me dê nenhum consolo, mas diga com a verdade.
Sim, ame-o como ninguém que não quer saber mais do mundo; que não reconheça a família; que não receba sem você a vida. Que por um beijo aguente desprezo e que sonhe com esforços. Que seja sua alegria suas migalhas de joelhos chorando de agradecimento. E então, só então, que saiba, que é por mim que te tem. Que é por mim que te sente.
— Gloria Treviño