Não me culpes
Não me culpes se te deixei partir sem lutar.
Não foi por covardia, mas por dignidade.
Não aguentava mais a tua mentira na tua fala,
A tua traição na tua alma,
A tua falsidade na tua identidade.
Não me culpes se te deixei partir sem olhar.
Não foi por indiferença, mas por sofrimento.
Não suportava mais o teu olhar vazio de amor,
O teu sorriso cheio de dor,
O teu abraço ausente de calor.
Não me culpes se te vi partir sem lágrimas.
Não foi por falta de amor, mas por excesso de dor.
Não suportava mais a tua ausência na tua presença,
A tua indiferença na tua essência,
A tua incerteza na tua beleza.
Não me culpes se te vi partir sem mágoa.
Não foi por desapego, mas por respeito.
Não podia mais te prender a mim,
Quando querias voar sem fim,
Não podia mais te forçar a ficar,
Quando querias me abandonar,
Não podia mais te impedir de ir,
Quando querias me esquecer.
Não me culpes se te vi partir sem adeus.
Não foi por orgulho, mas por humildade.
Não tinha mais nada para te dizer,
Quando já tinhas tudo para me calar,
Não tinha mais nada para te oferecer,
Quando já tinhas tudo para me negar,
Não tinha mais nada para te pedir,
Quando já tinhas tudo para me recusar.
Não me culpes se te deixei partir sem voltar.
Não foi por egoísmo, mas por liberdade.
Não queria mais te ver sofrendo por mim,
Quando eu já não era mais o teu fim,
Não queria mais te ver chorando por mim,
Quando eu já não era mais o teu sim,
Não queria mais te ver morrendo por mim,
Quando eu já não era mais o teu tudo.
— Antônio Reis