Deixou-me ir. Não me pediu que ficasse
Desde muito percebi que longe de mim já sentava, quando estávamos à mesa.
Ignorei as palavras vazias que vinham de sua boca, mas meu coração as guardou em segredo.
As palavras saíram de sua boca novamente, com mais força e frieza.
Os sons gélidos das sílabas me mostraram o que eu havia deixado passar — havia, já, acabado.
Demorei a perceber que estive enganado.
O vento dizia, eu sei… As palavras gritavam, eu sei…, mas meus ouvidos não escutavam.
Deixou-me ir. Não me pediu que ficasse.
— Antônio Reis