Tudo veio abaixo, tudo desmoronou
Os céus estão caindo e eu estou de longe vendo tudo desabar. Você era tudo o que eu ainda tinha. Você era tudo o que um dia eu fui. Vejo a poeira levantar enquanto tudo cai. Aquele arranha-céu foi o que eu construí. O que construí com você. Eu me fazia forte lá no topo. Eu me sentia impenetrável. Eu achava que de lá eu nunca iria sair. Eu achava que eu estava seguro lá dentro. Mas agora só há poeira e escombros. Tudo veio abaixo, tudo desmoronou. Tudo desmoronou como se fosse um castelo de cartas.
Agora o fogo queima os livros, as nossas histórias. Um balde de água gelada esfriou nosso querer. Ainda sobraram tantas coisas que não foram ditas. Tanta coisa que por medo ocultamos. Tanta coisa que valia nosso esforço, mas que deixamos passar. Você pode ver, tudo aquilo veio abaixo. Tudo o que a gente tinha. Nada suportou essa tempestade.
— Antônio Reis