Volta, mas traz o amor inteiro

Volta, meu amor.
Volta com o peso dos teus dias nas costas,
com as marcas que o tempo te deu
e os silêncios que preferiste guardar.
Volta com os pés descalços,
com a poeira das tuas andanças,
mas volta inteiro.
Inteiro no querer, inteiro no sentir.
Volta como quem atravessa um campo ao entardecer,
sabendo que a luz não dura para sempre,
mas que é ela que faz o dia valer.

Eu te esperei como se espera a chuva
numa terra rachada pela seca.
Te esperei como quem guarda uma flor
dentro de um livro esquecido,
sabendo que ela pode desmanchar,
mas nunca querendo soltá-la.
Te esperei,
não porque não soubesse viver sem ti,
mas porque viver sem ti
é uma vida sem música,
sem cheiro,
sem direção.

Fiz-me forte enquanto te esperava.
Construí paredes dentro de mim,
amontoei tijolos de coragem
e tampei as janelas que batiam ao vento da saudade.
O teu nome
soprou por entre as frestas.
O teu olhar,
que só vejo em sonho,
continuou iluminando os quartos vazios
da minha alma.

Volta, mas vem sem escudos.
Não me fale do destino como se fosse um carrasco,
nem me diga que a vida nos quis longe.
Eu não acredito em distâncias impostas,
em amores que se partem
como galhos secos ao vento.
Eu acredito no que arde,
no que sangra,
no que insiste em ficar.

Volta, mas não para preencher o vazio.
O vazio sou eu, e aprendi a ser casa dele.
Volta porque o amor que temos não se desfaz,
porque ele é feito de raízes,
não de folhas ao vento.

Tuas desculpas, amor,
não são necessárias.
Teus passos errados, teus medos,
são tão humanos quanto os meus.
Eu não espero perfeição.
Eu espero a tua presença.
Espero a tua mão na minha,
o calor do teu corpo encostado no meu,
a promessa que não precisa ser dita,
mas que se cumpre no estar.

Amar, meu amor,
não é um jogo que se vence ou se perde.
É um campo onde se planta,
onde se colhe,
e às vezes onde se sangra.
E se é para sangrar,
eu escolho sangrar contigo.
Porque a dor de te ter é menor
que a dor de te perder.
E a dor de te perder,
meu Deus,
é maior que a vida.

Há quem diga que a vida segue,
que os caminhos se bifurcam,
que o tempo cura tudo.
Mas eu não sou de caminhos retos,
não sou de curas fáceis.
Eu sou feito de labirintos,
de mistérios que só o amor desvenda.
E o amor,
esse amor,
só faz sentido contigo.

Volta, mas não demores.
O tempo é um ladrão paciente,
e eu, apesar de toda a minha espera,
sou feito de urgências.
Quero o teu cheiro agora,
o teu beijo agora,
os teus braços agora.
Não para que me completes,
mas para que me encontres
no que já sou.

Quero te contar das noites que passei acordado,
conversando com as estrelas
como se elas soubessem do teu paradeiro.
Quero te dizer dos poemas que não escrevi,
porque não havia palavras
que fossem grandes o bastante para conter-te.
Quero te mostrar as músicas que cantei baixinho,
feito prece,
para que o vento as levasse até ti.

E se voltares,
não precisa dizer nada.
Teu olhar já me dirá tudo.
A tua presença será o verso mais bonito
que jamais pude imaginar.

E se não voltares,
ainda assim, eu te amarei.
Porque amar, meu amor,
é um verbo que se conjuga sozinho,
é uma chama que não se apaga,
mesmo quando o vento sopra forte.

Mas eu peço: volta.
Volta com as tuas imperfeições,
com os teus medos,
com os teus tropeços.
Volta,
e faz do meu peito tua casa outra vez.

— Antônio Reis

Se você gostou, compartilhe com uma pessoa querida nas suas redes sociais:

Nascido em Juruaia, a famosa Capital da Lingerie em Minas Gerais, descobri minha paixão pela escrita em 2011 e desde então escrevo como um passatempo gratificante. Como criador do site Verdadeiramente.com.br, busco compartilhar minhas reflexões e perspectivas únicas sobre a vida. Meu objetivo é inspirar e desafiar as pessoas a pensar de maneira diferente, enquanto compartilho minha jornada pessoal de autoconhecimento.

You may also like...