Doses de você
I
Te bebo
Em doses sem medidas
Se irá me curar ou me matar
Não sei
Mas não preciso de cura
Tampouco desejo morrer
Talvez eu busque
Tal qual um viciado
Há tempo afastado de seu vício
Entre o remédio e o veneno
Entre a cura e a morte
O torpor do delírio
A alucinação extasiante
De quando me perco em seu olhar
Sigo bebendo você
Em doses sem medidas
De sexos e abraços
Em goles de beijos
Me embriagando com a sua voz
Me curando ou me matando
Continuarei te bebendo
Sem moderação
Até secar a última gota
Dessa garrafa de paixão
Com o seu nome no rótulo
II
Te bebi
Em doses sem medidas
Buscando em seu interior a cura
Pra essa doença que bate em meu peito
Como se seu corpo fosse a garrafa
E seu afeto uma bebida mágica
Que poderia sanar meus delírios
Não talvez, mas de fato
Me descobri viciado em você
Com overdoses de desejos
Abstinência do nosso sexo
Um dependente químico e emocional
Alucinando com os sentimentos
Que imaginei ver em seus olhos
Segui bebendo você
Em doses sem medidas
Me envenenando com minhas expectativas
Me afogando com seus pequenos gestos
E continuei te bebendo
Sem nenhuma moderação
Até que de fato secou a última gota
E só então eu descobri
Que era uma garrafa de ilusão
Na qual eu que imaginei
Ter lido o seu nome no rótulo
— Jhonyson de Oliveira