Amor é palavra que arde
Amor…
Amor é palavra que arde,
é chama que não apaga,
é faca que corta a carne por dentro.
Não, o amor não é leve.
Quem ama sabe do peso,
do risco,
do abismo onde se lança sem ver o fundo.
Ah, mas quem não ama?
Quem atravessa a vida sem carregar
esse fogo nas mãos?
O amor é tudo o que temos,
mesmo quando não nos cabe,
mesmo quando só dói.
Eu já amei…
Meu Deus, como amei!
De olhos fechados,
sem pedir nada de volta.
Dei-me inteiro,
fiz do meu peito uma casa
para alguém que nunca quis entrar.
E ainda assim,
amava.
O amor não é justo,
mas é lindo.
É música que toca no silêncio,
é flor que nasce no deserto.
É lágrima quente descendo pela face
quando ninguém está olhando.
E quando amamos,
perdemos.
Perdemos o chão,
a calma,
a razão.
E mesmo assim,
mesmo caindo,
dizemos: “Valeu a pena.
Ah, como valeu!”
Amar é renunciar,
é ofertar a alma em pedaços,
é cantar quando o peito quer calar.
Porque amar não é receber.
Amar é dar.
É dar mesmo quando não há mais nada,
mesmo quando o outro
não quer,
não vê,
não fica.
E o amor…
O amor é tudo.
Tudo o que rasga e o que cura.
Tudo o que falta
e tudo o que sobra.
— Antônio Reis