Fragmentos de um fim
Não sei por onde começar, porque despedidas nunca vêm prontas. Elas são feitas de pedaços arrancados à força, como retalhos que formam um pano que não aquece. Mas hoje eu preciso costurar essas palavras e encarar o vazio que ficou entre nós.
A verdade é que eu lutei. Lutei até minhas mãos sangrarem, até meu coração não saber mais como bater sozinho. Quis te alcançar de todas as formas, mas você parecia sempre um passo adiante, distante demais para que eu pudesse segurar. Talvez tenha sido esse o meu erro: querer segurar o que só sabia voar.
Sempre achei que o amor era suficiente. Acreditei que, se eu te amasse com tudo o que tinha, você se deixaria ficar. Mas agora percebo que ninguém pode ser mantido só pela força de um sentimento. O amor precisa ser um lar, não uma gaiola. E, por mais que eu tenha tentado construir esse lar, nunca fomos capazes de habitá-lo juntos.
Hoje, com lágrimas nos olhos, admito o que já sabia há tempos: acabou. Não é culpa sua, nem minha. Às vezes, as coisas simplesmente terminam, como uma flor que murcha mesmo sob o melhor cuidado. O ciclo se completa, e tudo que resta é aceitar.
Vou te guardar nas memórias que ainda não doem. Naquelas tardes em que o sol parecia brilhar só para nós, nos risos que eram tão fáceis quanto respirar. Mas também vou me guardar. Vou recolher os pedaços de mim que espalhei pelo caminho enquanto tentava te alcançar e tentar me reconstruir.
Então, este é o meu adeus. Não para te ferir, mas para me libertar. Eu escolho me despedir porque finalmente entendi que segurar o que dói não é a mesma coisa que amar. Talvez um dia o destino nos cruze de novo, quando estivermos inteiros. Até lá, vou aprender a ser inteiro sozinho.
Que você encontre a paz que sempre buscou. E que, de alguma forma, eu também a encontre. Hoje, deixo de tentar ser parte da sua história para começar a escrever a minha.
Adeus.