Carta ao silêncio

Hoje me sentei para escrever pela última vez sobre nós. Não porque não haja mais o que dizer, mas porque já não faz diferença. Algumas palavras só existem para nos aliviar, mesmo quando ninguém as ouve. Este é o caso agora: um diálogo silencioso entre mim e o vazio que ficou quando você partiu.

Nunca foi sobre não te amar. O problema, talvez, tenha sido amar demais, tão profundamente que me esqueci de deixar espaço para mim. Acreditei por tanto tempo que um amor assim seria suficiente para nós dois. Mas agora entendo: amar por dois é a forma mais dolorosa de solidão.

Já não guardo mágoa, só saudade. Não da pessoa que você é, mas da pessoa que eu fui ao seu lado. Era alguém cheio de sonhos, seguro de que o mundo tinha um brilho único quando refletia em você. Mas o tempo foi apagando aquele brilho, e tudo que restou foi um espelho vazio. Me olhei nele por meses, esperando que algo voltasse a fazer sentido. Não voltou.

Então, é aqui que eu deixo minha última palavra. Não porque não ame mais, mas porque preciso aprender a amar sem me perder. Porque aprendi, com lágrimas sufocadas e noites insones, que o amor só é belo quando traz vida, não quando consome.

Você sempre foi livre, e eu sempre soube disso. Mas hoje, finalmente, aceito que sua liberdade não pode me prender. Não posso continuar me oferecendo em pedaços para algo que já não existe, esperando que você enxergue algo em mim que já deixou de procurar.

O silêncio que fica agora é meu. Não como vazio, mas como cura. Vou preenchê-lo com tudo que deixei para trás ao tentar caber no espaço que você me ofereceu. Talvez um dia nos encontremos de novo, em algum canto do mundo onde as dores já tenham se transformado em memórias distantes. E, se isso acontecer, quero sorrir ao te ver, sabendo que essa distância foi o maior gesto de amor que eu poderia ter te oferecido.

Adeus não é um fim, mas uma pausa. Para nós dois. E, pela primeira vez, acho que vou conseguir respeitar isso.

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Nascido em Juruaia, a famosa Capital da Lingerie em Minas Gerais, descobri minha paixão pela escrita em 2011 e desde então escrevo como um passatempo gratificante. Como criador do site Verdadeiramente.com.br, busco compartilhar minhas reflexões e perspectivas únicas sobre a vida. Meu objetivo é inspirar e desafiar as pessoas a pensar de maneira diferente, enquanto compartilho minha jornada pessoal de autoconhecimento.

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