Te quis demais e me perdi de mim
Já não sei dizer ao certo quando comecei a me perder. Acho que foi no momento em que me permiti te querer demais, como se a intensidade desse sentimento pudesse preencher os vazios que eu carregava dentro de mim. Eu te quis tanto que, aos poucos, fui me desfazendo, diluindo-me em cada pensamento, em cada sonho que construí contigo.
Não era apenas um querer, era uma necessidade voraz de ter-te por perto, de fazer de nós um só. Me perdi nas dobras desse desejo, me afundei em um abismo de emoções que, no final das contas, só serviu para me desconectar de quem eu realmente era. O preço que paguei por esse resgate foi alto demais; custou-me a minha própria identidade.
E agora, aqui estou eu, em meio a essa escuridão, tentando me encontrar nas sombras que ficaram para trás. Cada suspiro é um eco da minha busca desesperada por algo que se perdeu no labirinto do meu próprio coração. A solidão é a minha única companhia, e a tristeza, minha fiel sombra.
Talvez tenha sido ingenuidade acreditar que poderia me entregar completamente a alguém sem perder a mim mesmo. A ilusão de que seriamos um só, de que o amor poderia preencher todas as brechas da minha existência, agora se desfaz como fumaça. Resta-me apenas o vazio e a dolorosa consciência de que me desliguei de mim mesmo em nome de um sentimento que, ao final, não foi capaz de me salvar.
Talvez seja tarde demais para reverter o curso das coisas, para resgatar os pedaços que deixei para trás. Fui tão longe na busca de te encontrar que agora me vejo perdido, sem rumo, em um labirinto de emoções confusas. E o pior de tudo é que, ao tentar me encontrar, descubro que quem eu era se perdeu irremediavelmente nas encruzilhadas do teu ser.
Resta-me agora apenas a melancolia, a tristeza profunda que se instala como uma sombra densa em meu peito. Perdi-me de mim mesmo em nome de um amor que não soube me reencontrar. E agora, aqui estou, um corpo vazio habitado por lembranças dolorosas e um eco constante daquilo que fui um dia.
— Antônio Reis