Sonho quebrado
No vazio da alma, outrora cheia de júbilo e gratidão, há agora pó e pedaços de espelho que refletem a amargura e rancor de um sonho quebrado.
Já não há folhas nos livros que antes cheiravam a tinta e possuíam ranhuras de caneta plenas de significados poéticos de um coração que hoje jaz apaixonado.
Que significado procuro eu para minh’alma? Se é o amor, que amor é o meu? Dos que sentem? Dos que regozijam? Dos que sofrem é mais perto a reposta.
Creio que há, intrínseca na alma, a esperança de amar após se despedaçar. Pode um espelho voltar a exibir a imagem do amor por completo uma vez com rachaduras?
Dos papéis e livros me desfiz inteiramente. Queimei diários e cadernos que guardavam a lembrança do peito que regozijava.
Hoje, tenho apenas receitas para remédios amargos que os médicos insistem em dizer que são capazes de curar o coração quebrado.
Já não sei. Seis meses e sinto igual. Talvez uma seringa de morfina poderia fazer mais efeito.
— Antônio Reis