Por aqui andamos
Por aqui andamos, lutando contra o tédio
E o mundo que nos cerca, sem sentido
A morder as palavras, em busca de algo
Que nos dê um pouco de alegria e calor
Por aqui andamos, fabricando tempestades
Que só existem dentro de nós, particulares
E escrevendo poemas, com unhas à mostra
E uma faca de gelo, nas espáduas
Por aqui continuamos, ácidos e cortantes
A rugir contra tudo, dia após dia
Até que não nos reste mais forças
E os corações se vão enchendo de areia
Lentamente, mas inexoravelmente
Nos afundamos em um mar de solidão
Sem saber como nos libertar
Desta vida que nos sufoca, dia a dia.
— Antônio Reis