Às vezes a vida é tão má
Às vezes a vida é tão má; nos pega despreparados, em nosso
momento mais frágil, e nos parte em incontáveis pedaços.
E no desespero da sala vazia, da sombra sem dono, as paredes
lamentam a dor do homem que chora.
E sem dizer uma palavra, as lágrimas escorrem pela face,
caindo nos pés descalços e sujos.
E na escuridão do desamparo, da névoa da angústia que a tudo
cerca, e que a tudo é, o braço trêmulo se eleva aos céus:
“Por que escolhestes a mim para a dor do parto que traz à
vida? Por que não me encerrastes na tumba daquele ventre?”
— Antônio Reis