Desesperadamente desejo chamar-te
Desesperadamente desejo chamar-te. Não sei onde estás, não sei onde vives. Quem és tu hoje?
O tempo passou. Envelheci eu, envelheceu tu. Teu rosto já deve ter enrugado, a vida deixando sua marca.
Desejo ver-te, mas sei que não estás para mim. Não mais. Já estivestes, um dia estivestes para mim.
Sinto-te e vejo-te em sonhos de apocalipse. Desesperado, grito. Grito teu nome para que me ouças chamar-te novamente.
Já não me ouves. Ainda existes? Em meus sonhos ainda persistem teu toque e teu cheiro. Guardo-os com carinho em uma caixa ao acordar. Todas as vezes. Todos os dias.
O pensar sobre o futuro esmaga meu peito com toneladas de solidão, embebidas na tua falta. Já não estás. Eu olho para o quarto e já não estás. Esfumou-se.
Apenas eu ainda te guardo no canto do peito? Ainda pensas em mim? Viciei-me no desejo de ti?
Já não sei. Já duvido do meu próprio desejo.
— Antônio Reis