Às vezes eu não sei quem sou
Às vezes penso em dormir durante dias, e só acordar depois que as coisas estejam em seus devidos lugares. Mas eu sei, que mesmo assim, elas não estarão. Esse turbilhão de emoções me confunde, me faz ficar cego perante a realidade. Tento mudar algumas coisas, ajeitar outras, mas parece que nada quer parar onde eu coloco.
O vento leva palavras que digo, a noite acalma meus ânimos, o frio congela minhas lágrimas; mas lá no fundo, nada muda. As coisas continuam bagunçadas. Em meu guarda-roupas guardo minhas felicidades, minhas tristezas, aquelas coisas que nunca quero esquecer, e também, por incrível que pareça, aquelas coisas que um dia eu jurei que iria esquecer.
Às vezes eu não me entendo, mas será que realmente eu posso ser entendido? Não sei. Essa é um incógnita até para mim. Às vezes eu não sei quem sou, às vezes ajo como se eu não fosse eu; como se houvesse algo ou alguém que não conheço dentro de mim controlando-me.
Eu gostaria de ser novamente aquela criança inocente de vários anos atrás. Onde eu a coloquei? Eu me perdi no meio de mim. O mundo não é tão inocente como pensei que fosse. Corações quebram, lágrimas escorrem, o amor esfria. Mas em uma coisa eu estou quase acreditando: o que um dia mudou, nunca voltará a ser o que era antes. Será?
— Antônio Reis